domingo, 15 de junho de 2014

JESUS: O Deus da minha serventia!

Texto bíblico: João 6 : 1-26

“Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: vós me procurais, não porque vistes sinais, mas porque comestes dos pães e vos fartastes.” João 6:26

Escrito por: Diego Cintrão
Esse relato descrito no Evangelho de João nos mostra uma situação alarmante. Jesus tinha acabado de efetuar o milagre da multiplicação dos pães e dos peixes, então uma grande multidão, admirada do seu feito, vai ao Seu encontro. Ao encontrar a multidão Jesus afirma que eles o procuravam não pelos sinais, não pelo significado daquele milagre, mas pelo pão que lhes supria. Ou seja, a multidão procurava Jesus não pelo que Ele é, mas sim porque lhes era útil.

O texto mostra que a multidão estava tão maravilhada com o poder de Jesus que estavam prontos para marcharem em direção a Roma e proclamá-lo o Rei. Sabendo disso Jesus retirou-se dali, porém a partir do versículo 22 o texto descreve a procura dessa multidão por Jesus. Mas qual motivação de tal procura? A mesma motivação que tem enchido igrejas e enriquecido pastores, a mesma motivação que tem dado ouvido a maldita teologia da prosperidade.


A busca de Jesus só e nobre se a motivação é certa. A motivação certa é buscá-lo com o propósito de cumprir a obra de Deus, a saber: a fé submissa em Cristo, o Enviado de Deus. Essa multidão que encontrou Jesus não havia mudado, eles tinham os mesmos apetites que tinham quando vieram a Jesus e viam Nele uma forma mais fácil de alcançar seus desejos. Isso parece comum? Sim, é o que ainda tem motivado muitos cristãos a seguirem Jesus Cristo: seguir Jesus por sua utilidade.

A questão aqui e o ponto que me chama a atenção é que as pessoas dessa multidão não tinham mudado ao se encontrarem com Jesus, não houve conversão, não houve novo nascimento. As motivações, os apetites, os desejos, os sonhos continuaram os mesmos. A regeneração do novo nascimento não ocorreu, pois o novo nascimento muda as pessoas, muda suas mentes, muda seus desejos e sem esse novo nascimento não é possível chegar a Deus: “A isto, respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo que, se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.João 3.3

O pecado corrompeu o ser humano em sua totalidade, todas as nossas escolhas e interpretações, desejos e motivações, são maculadas pelo pecado. Somente através do novo nascimento e do revestimento do Espírito de Deus é possível à regeneração. Em Efésios 4:20 está escrito “no sentido de que, quanto ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe segundo as concupiscências do engano”. E no mesmo texto de Efésios, no versículo 24 afirma “e vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade”, que faz menção a contínua renovação do Espírito Santo, somente assim é possível vivermos uma vida cristã autentica.

Porém o que temos visto nos cristãos dessa era é muito mais uma atitude semelhante à multidão descrita em João 6. Não há mudança de mentalidade, tem-se chegado a Jesus Cristo não pelo que Ele é, mas sim pelo que pode nos dar. Não queremos o Evangelho que nos faz participantes das chagas de Cristo, mas sim o evangelho que facilita a realização de nossos sonhos: sempre fui apaixonado por carros, encontro Jesus e vejo um caminho para realizar o sonho de ter um belo carro, sempre fui apaixonado por belas roupas, bons estilistas, encontro Jesus (maravilha!) serei fiel, pois Ele me abençoará e poderei adquirir minhas paixões. Ou seja, o velho e maldito ensino da teologia da prosperidade que apresenta Jesus Cristo como um deus para minha serventia, para satisfazer antigos desejos.

Esse Jesus não é o Cristo que regenera, não é o Jesus descrito nas Escrituras. Esse Jesus que satisfaz apetites não regenerados é o Jesus criado pelo homem e suas teorias humanistas. O Jesus, o Cristo, o Filho do Altíssimo, Soberano Senhor, não quer satisfazer nosso velhos objetivos, Ele quer dar-nos novos objetivos, objetivos regenerados e esse é o significado do novo nascimento. Não posso aceitar pregações que apresentam o poder de Cristo para alcançar o que quero: Isso não é Evangelho.

Enfim, o nosso grande problema em crer no Evangelho autêntico é nossa dificuldade em receber a Cristo como verdadeiramente Ele é, pois temos nos aproximado Dele simplesmente porque Jesus Cristo é maravilhosamente útil. Nele encontro explicações para coisas que não entendo, Nele sou curado, Nele tenho dinheiro, Nele tenho amigos e principalmente: Nele vou para o Céu!! Por fim deixo, para reflexão, trecho de uma belíssima pregação de John Piper que sintetiza bem essa questão:

Muitas pessoas...e estas pessoas estão em grave perigo então tome cuidado você mesmo, o recebem não como algo de supremo valor, precioso. Mas o recebem como perdoador de pecados, porque odeiam não estar livres de culpa, não porque amam Jesus. Eles o recebem como aquele que os resgatou do inferno, porque eles não querem queimar. Eles o recebem como curandeiro, porque amam estar livres das doenças. Eles o recebem como protetor porque amam estar seguros. Eles o recebem como o senhor da prosperidade, porque eles amam o dinheiro. Eles o recém como criador, porque seria melhor ter seu próprio universo em ordem. Eles o recebem como o senhor da História, por causa da ordem e proposito do universo, a história é algo estável. Eles não o recebem como algo de supremo valor pessoal para eles. Eles não o recebem como o mais glorioso, belo, mais maravilhoso e todo suficiente, mais do que tudo no universo (o que nos é mostrado no evangelho claramente). Eles não o valorizam, não o apreciam, não se alegram Nele. Eles o tratam como: [...] um Ticket (amar isso, se alegrar nisso, ter prazer nisso: estupidez é apenas um ticket, eu só quero ir para o céu). Eu temo que seja dessas coisas que nossas igrejas estejam cheias!” (John Piper)

Que Deus nos Ajude!

Diego Cintrão
Servo de Cristo, buscando viver o verdadeiro Evangelho.
1 – Texto inspirado em pregação de John Piper

Voltemos Ao Verdadeiro Evangelho!

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