quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Avivamento não, apenas movimento e falta de comunhão!

Texto bíblico: 1º Reis 18: 33 - 35, 38 / João 4: 14

ATENÇÃO: água produz fogo e pode mantê-lo aceso!

Escrito por: Rogério Jardim
Parece estranha a ideia que para manter aceso um fogo é necessário que haja água, visto que é exatamente a água utilizada para apagar um fogo em grande proporção. Humanamente falando isto pode não ser totalmente impossível, considerando que existem materiais que na sua composição contem ligas de magnésio misturadas no alumínio. Essa liga estando em chamas é capaz de produzir fogo em maior proporção quando em contato com a água, quanto mais água jogar maior será a chama produzida por essa mistura. Tive uma experiência nisso quando, há mais de 10 anos, trabalhei numa empresa que produzia materiais com essa composição.

Embora seja curioso o assunto, o propósito deste artigo não é descrever ligas de metais ou suas consequências, e sim, nossas obras como igreja de Cristo, libertos do poder do pecado por sua morte na cruz, a fim de servi-lo e produzir obras verdadeiras que o glorifiquem e testifiquem a verdade do evangelho no mundo, pois esse é o papel da igreja.

Nos dias atuais a igreja cristã tem estado diante de diversos desafios e confrontos. E por mais inacreditável que possa parecer um dos maiores desafios para nós, igreja de Cristo, tem sido reverter o engano que a própria igreja criou ao longo do tempo, através de seus dogmas e doutrinas baseadas em costumes oriundos
de um sistema ineficaz na vida da igreja, e de uma interpretação errônea do evangelho ou de partes dele,
quando permitiu que entrasse em seu meio pessoas sem entendimento das escrituras e descomprometidas com sua verdade para ocuparem lugares de ministros do evangelho, criando na igreja um foco turvo com relação a sua vida de fé e busca a Deus.

Receio com isso que haja uma tendência da igreja buscar apenas os dons espirituais, que também são importantes para sua edificação, porém deixando de cumprir o seu papel que é o de edificar também outras vidas com obras que sejam reflexo do dom genuíno do Espírito Santo. Envolver-se na edificação de alguém, muitas vezes não está no orar por ela determinando que ela seja curada, ou para que ela receba um poder especial, até porque todo poder e autoridade recebida precisa ser demonstrado em obras que glorifiquem o nome do Senhor, mas também sendo participante de seu sofrimento, doença, alegria ou qualquer outro tipo de suporte que externe o dom maior de Deus que é o amor incondicional. Através deste estudo proponho que possamos, como igreja de Cristo, analisar nossa condição pelas sagradas escrituras, e não com outra forma qualquer que tenta mistificar o verdadeiro sentido do evangelho.

Nos dois textos bases referenciados acima há um confronto incomum. Tanto Elias quanto Jesus estavam diante de pessoas que pensavam ter suas bases de fé e verdade muito bem estabelecidas, diante disso são confrontados pela verdade que também produziu algo incomum em ambos os casos, que é o que o verdadeiro evangelho produz, isto é, “arrependimento”. Primeiramente o capitulo 18 do primeiro livro dos reis nos mostra o confronto que o profeta Elias criou com os profetas de Baal, que tentavam lhe provar que Baal era o verdadeiro deus. Para isso Elias os convoca a uma prova para que cada um invocasse ao seu, e aquele que respondesse com fogo seria o verdadeiro Deus. Como mostram os versículos 26, 28 e 29 não houve nenhuma resposta de Baal quando seus profetas o invocaram, mas ao ser invocado pelo profeta Elias o Senhor respondeu fazendo descer fogo sobre o altar ao ponto de consumir todo o holocausto e o que mais havia sobre ele (38).

É importante analisar que nesse processo Elias usou uma substância que seria essencial para dificultar o resultado da prova que propôs. O versículo 34 mostra que ordenou que fossem jogados sobre o altar e o sacrifício que já estavam prontos, quatro cântaros de água. Não há uma informação certa sobre isso, mas é provável que tenham sido derramados uma base de 32 litros de água, considerando tradições que supõem que as medidas de cântaros poderiam ter entre 8 e 12 litros. Sendo assim se for considerado o mínimo de armazenamento de um cântaro pode se ter pelo menos 32 litros derramados no altar que Elias erigiu.

O que mais chama a atenção no que Elias propôs foi o fato de utilizar a água, pois num primeiro momento parece que ele queria apenas criar uma situação impossível aos olhos dos profetas de Baal e deixar o desafio mais interessante, molhando totalmente o altar e o sacrifício para dificultar o resultado da prova que propôs. Mas também estava sendo uma palavra profética que apontava para o futuro redentor do povo de Deus e o nascimento da igreja, pois além da base que foi usada para a construção do altar em toda a bíblia encontraremos a água como elemento essencial para limpeza, purificação, suprimento e forma de chegar ao arrependimento. Poderíamos acreditar que se Elias não tivesse derramado água sobre o altar, provavelmente não haveria a resposta de Deus ao seu clamor. Portanto creio veementemente que o fator determinante e diferenciado para que o verdadeiro Deus respondesse não foi somente o altar, o sacrifício ou os materiais utilizados no sacrifício, mas sim a água. Pois os profetas de baal também assemelharam seu sacrifício, entretanto não havia água.

No segundo momento, no qual Jesus encontra a mulher samaritana, há também o envolvimento da água como meio principal de solução para resolver uma necessidade. Jesus chegara primeiro naquele poço, onde aquela mulher buscava água para os seus afazeres e para saciar a sede natural que o corpo produz. A oportunidade foi propicia para que o Senhor se valesse de um elemento natural fazendo-a entender a sua própria necessidade, não daquela água que buscava sempre, mas da verdadeira água da qual ela ainda não havia provado, a palavra de Deus em toda sua virtude e essência que sacia a sede espiritual da alma humana e que jorra para uma vida eterna da qual o próprio Cristo é a fonte.

O diálogo de Jesus fica intenso quando pede a mulher que traga seu marido. O que Jesus queria era exatamente chamar sua atenção para uma nova proposta de vida, vida verdadeira, não a fim de julgá-la e envergonhá-la, mas de lhe curar e restaurar para frutificar verdade numa nova vida. Dos versos 39 a 42 do capítulo 4 do evangelho de João podemos ver o resultado desse diálogo, onde não só a mulher, mas também os samaritanos que lhe acompanhavam creem nas palavras de Jesus e pedem para ele fique um pouco mais com eles, mostrando total aceitação a pessoa de Cristo (que era um judeu, com os quais os samaritanos não tinham aliança, conforme vs 9) e sua palavra.

A igreja passou por diversas mudanças ao longo do tempo, principalmente nas últimas décadas onde surgiram movimentos que trouxeram novas propostas de busca da fé. Digo isto dando como um desses exemplos a unção de Toronto, que trouxe vários outros tipos de unção seguido de diferentes movimentos. Assisti duas ministrações que me deixaram preocupado, e na verdade não posso chamar aquilo de ministração pelo fato de não ter havido nenhuma ministração. Num determinado momento de uma reunião o ministro convoca as pessoas que ali estavam a algo muito estranho, pedindo que dessem total liberdade para que pudessem receber uma nova unção, enquanto ele proferia sons de risos e de animal. Naquele momento muitas pessoas que estavam naquele auditório começam a ter reações estranhas, umas começam a rir compulsivamente por longo período, enquanto outras começam a agir como um leão selvagem. O palestrante diz que aquilo que estavam recebendo era uma nova unção, a unção da alegria (ou do riso) e a unção do leão. Isso poderia ser cômico se não fosse trágico e preocupante. A estratégia da nova unção não é edificar a igreja na palavra, muito pelo contrário, é enfraquecê-la pela falta da palavra que é substituída por atos que não tem nenhum propósito divino.

Junto com essas aberrações tenho visto pregações de pessoas que ainda tentam influenciar a igreja a buscarem somente avivamento, seguido de línguas estranhas, sopro do espirito e outras aberrações mais tendo como base para isso o fato de Atos 2, quando acontece a descida do espirito santo no dia de pentecostes, e 2ªCorintios 3: 17 quando Paulo diz que aonde está o espírito do Senhor aí há liberdade. Como cristão creio plenamente no poder de Deus e sei que ele pode atuar de diferentes formas na edificação de sua igreja, mas não consigo conceber a ideia de que essa igreja esteja perdendo seu foco para o qual foi chamada, de pregar o evangelho para salvação de todo àquele que crê e assistir aos necessitados, demonstrando verdadeiro zelo e amor como o próprio Jesus instruiu, para que amassem uns aos outros assim como ele havia amado. Atuação verdadeira do espírito santo na igreja não pode se resumir somente a um momento de êxtase, mas precisa produzir mudança no caráter a fim de edificar a igreja como um todo.

O avivamento estranho que tem sido proposto, de certa forma, vai contra o que Jesus instituiu, pois o fato de alguém não cair no poder ou não sair pulando no meio da igreja falando em línguas estranhas (que merece um estudo aprofundado somente sobre isso) é vista como uma pessoa que não tem o temor de Deus, ou que não busca a Deus com intensidade para obter aquele poder. Essa proposta de busca tem trazido falta de comunhão a igreja de Cristo e julgamentos sobre aqueles que não correspondem a proposta. Já vi “ministros” chamarem crentes de geladeira humana, boca de ferro, incrédulos.... e por aí vai, criando um próprio julgamento e fazendo com que outras pessoas também assim procedam. Muitas vezes há pessoas que estão numa busca intensa com Deus, mas sem fazer todo aquele alvoroço, ou outras que estão vivendo um momento de aflição que só o Senhor entende, e ao invés de receberem uma palavra que venha lhes edificar acabam recebendo um pré-julgamento sem base.

Quando Jesus encontrou a mulher samaritana ele deixou bem claro que ele era a água da qual ela precisava (v14) e que podia saciar sua sede e cumprir o ato de purificá-la. Quando Paulo escreve aos efésios para instruí-los acerca da vida e do lar cristão, afirma que a palavra é a água por meio da qual a igreja de Cristo é purificada (Efésios 5: 26). Na bíblia o fogo e a água são elementos que cumprem seu objetivo de purificar, mas também o fogo é um elemento que representa juízo/sentença (Mateus 3: 10) e justiça (Mateus 3: 11) a qual Jesus propagou durante seu ministério. Não justiça de justiceiro, mas sim de o homem se tornar justo (2ªCoríntios 5: 21).

Ministrações, congressos, campanhas que tem por objetivo trazer fogo por fogo pensando que estão trazendo avivamento, não passa de movimento. Mas o verdadeiro avivamento é produzido pela água, ou seja, o verdadeiro avivamento não produz descontrole, perda de sentido, falta de amor ao próximo, julgamento ou falta de comunhão. Avivamento verdadeiro acontece pela água, quero dizer, pela palavra na qual a igreja é verdadeiramente edificada e levada ao propósito de servir a Cristo em santidade e amor verdadeiro, produzindo no cristão uma consciência de que por ele mesmo não haveria possibilidade nenhuma de ser justo, por causa do pecado que o corrompe, mas por ter sido justificado pela graça é possível e necessário que seja justo em toda sua forma de viver. Isso é fogo verdadeiro.

O verdadeiro fogo (justiça que o homem natural não tem) só pode ser aceso e se manter aceso com água (palavra/essência de Deus), assim como Elias o fez, somente após a água ser derramada no altar que o verdadeiro Deus respondeu. Assim também como a mulher samaritana, que ao perceber a fonte que estava na sua frente se permitiu ser purificada pela água pura criando uma nova consciência de vida. Somente a água (palavra) é capaz de produzir o que produziu no desafio de Elias e no encontro de Jesus com a samaritana: ARREPENDIMENTO E CUMPRIMENTO DE PROPÓSITO.

Se a igreja quiser ter uma comunhão verdadeira com Deus e suas petições aceitas e atendidas por ele, não há outro meio senão pela palavra (água), e não por outros meios estranhos que nunca lhe edificarão.

FOGO SE ACENDE COM ÁGUA

Voltemos Ao Verdadeiro Evangelho!

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