“Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de termos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade, de mansidão, de longanimidade” Colossenses 3.12
Escrito por: Diego Cintrão
Como cristãos recebemos uma vocação, sermos como Jesus. Esse é o grande propósito de Deus para a vida daquele que Ele escolheu. Não há outro objetivo maior, é fato e é indiscutível. Por alguma razão que desconheço Deus através do Espírito Santo, tocou meu coração, escolhendo-me, para seguir a Cristo, e Ele me vocacionou. Deus me vocacionou a ser como Jesus e essa conclusão é totalmente perturbadora para mim.
Essa vocação é perturbadora para mim, pois me faz entender que não basta aceitar o sacrifício salvífico de Cristo na cruz, devo viver como Ele viveu, exercendo o caráter de Cristo em meu dia-a-dia. Porém o que vemos no cristianismo divulgado pelos astros do gospel, pelos pastores midiáticos ou políticos eclesiásticos é um cristianismo que divulga o nome de Jesus, levantando bandeiras com dogmas morais e uma supervalorização de costumes religiosos que pouco se
preocupa em testemunhar uma vida como a que Jesus viveu, desvalorizando o caráter inconfundível de um verdadeiro cristão. Afirmo a luz das Escrituras, que tais pessoas que não possuem esse caráter não podem ser consideradas cristãs e sim pseudocristãs, ou seja, falsos cristãos. A Palavra nos instrui a julgarmos conforme os critérios estabelecidos por Jesus, pelos frutos espirituais, quando afirma em Mateus 7.16 “Pelos seus frutos os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos?”. O caráter que destacou os principais atos de Jesus em seu ministério terreno, desde a forma de seu nascimento, até o estabelecimento de seu Reino é a HUMILDADE. É a humildade que caracteriza o cristão de uma forma inconfundível.
No entanto quando não cristãos tentam caracterizar os crentes de hoje, baseando-se no conhecimento do cristianismo difundido em nosso tempo, a humildade normalmente não está inclusa nessas características. Isso é alarmante! O crente hoje, raramente é reconhecido por sua humildade, pois o crente não tem a intensão de viver como Jesus Cristo viveu. O que vemos são pastores ostentando luxuosos ternos, joias, carros, jatos, templos, declarando um evangelho de crentes merecedores de abundantes bênçãos pelo fato se serem filhos de Deus. Esquecendo-se do Primogênito de Deus que teve seu nascimento em um celeiro sujo, mal cheiroso, em meio a excrementos e saliva de animais. Que lugar para o Rei dos Reis nascer, Ele que tinha toda a possibilidade de nascer no melhor lugar, escolheu a humilhação de um estabulo para demonstrar humildade, para se aproximar de nós.
Filipenses 2:5-8 afirma “De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus, Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz.” Jesus Cristo, Senhor de todos os que se declaram cristãos não obstante ser Filho de Deus não usufruiu disso, nos mostrando o caminho de humildade que aqueles que desejam segui-lo devem traçar. Porém não é o que vemos nas igrejas se hoje, mas muito pelo contrario o que vemos são crentes usurpando da ideia de serem filhos de Deus alegando direito de bênçãos sem medidas, ostentando tudo de bom que o mundo pode oferecer. A impressão que tenho é que se difunde um ensino que afirma que o quanto mais servimos a Deus, ou quanto mais fieis formos a Deus através de nossa igreja e pastores mais direito temos de receber aquilo que almejamos. Assim é comum ouvirmos afirmações como: “Tomo posse, pois sou Filho do Rei!” ou “Eu creio que Deus vai me dar esse carro, pois sou filho do Deus que é dono da prata e do ouro!” QUE INFELIZ ENGANO!
Ora, que direito nós temos de almejar mais do que nosso Mestre almejava, o que nos faz tão especiais a ponto de imaginarmos que o Deus Soberano, refém de sua misericórdia e bondade, deve se preocupar em nos agradar com aquilo que sonhamos ter, com aquilo que nos faz bem. Nós, como pecadores temos apenas direito a uma única coisa: O INFERNO. E a misericórdia e bondade do Deus Soberano já nos livraram disso através da humilhação e sofrimento de seu Filho Unigênito, Jesus Cristo, na cruz no calvário. Esperar mais o que? Esperar que o escárnio de Cristo, que suas feridas e morte tiveram um propósito de me ajudar a comprar a roupinha da moda ou o carro mais possante. É essa a humildade que Cristo demostrou em vida? Não tenho a intenção de defender o evangelho da miséria, mas da humildade que se exterioriza na simplicidade. A humildade representa um caráter inconfundível em um cristão, pois não pode ser fingida, ou ela existe ou não existe, é literalmente o sentimento de ver o próximo como merecedor e não eu próprio.
Filipenses 2:3 diz “Nada façais por contenda ou por vanglória, mas por humildade; cada um considere os outros superiores a si mesmo.” O quanto esse versículo tem sido excluído da minha vida, o quanto essa verdade tem desaparecido do cotidiano das igrejas cristãs. Basta uma rápida reflexão e eu consigo identificar o quanto desse caráter essencial na vida do cristão falta em mim, por exemplo, quantas vezes vi alguém precisando de ajuda e a neguei simplesmente por ser um domingo e eu querer descansar. Simplesmente arrumo uma desculpa para não ajudá-lo em algum trabalho manual, ou então deixo de visitar alguém que precisa de atenção, apenas por que penso ter direito de descansar depois de uma semana de trabalho, penso ser merecedor de uma folga independentemente se meu irmão passou o domingo trabalhando, ou solitário. Isso nada mais é do que pura soberba, uma atitude anticristã. A lógica de Deus, avesso a lógica da nossa carne, nos ensina que se eu considero o outro como superior a mim, que ele descanse e eu trabalhe, pois ele é muito mais merecedor dessa benção do que eu. ISSO É AVASSALADOR! Outro exemplo é quando observamos a rotina das igrejas e de seus ministros, nos deparamos com um desfile de roupas e acessórios que em muitos casos podemos nos confundir se estamos em um culto ou eu uma festa de gala. Aliás, esse termo é muito usado por pregadores que gostam de ostentar, afirmando que devemos nos vestir como em uma cerimônia de gala, pois estamos na presença do Reis dos Reis, porém esquecem que Deus não busca adoradores em roupas de gala, mas sim os que o adoram em Espírito e em Verdade. (“Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.” João 4:23-24). O que vemos são sacerdotes e membros desfilando roupas caras, ternos novos, joias brilhantes, carros importados, todos os domingos, sendo que outros irmãos não tem a possibilidade de usufruir de igual beneficio. O que os faz mais merecedores de tais coisas do que os outros? É o fato de serem ministros do evangelho? Ou e o fato serem dizimistas fieis? Por que eu me acho no direito de possuir tanto enquanto muitos têm tão pouco? Simples: essa atitude caracteriza aqueles que se acham superiores, ou seja, eu tenho mais porque eu posso ter mais, eu mereço mais, trabalhei mais, é meu direito!
Os primeiros cristãos entendiam a humildade, entendiam porque viam a prática. Os apóstolos viram a prática de humildade de Jesus, e os demais discípulos viam a prática dos apóstolos e entendiam a forma impactante, sobrenatural, de viver uma humildade como uma virtude de Deus, virtude essa que fazia com que todos considerassem o outro superior a si mesmo. O maior exemplo disso está em Atos 2:44-45 que diz “Todos os que creram estavam juntos e tinham tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade”. Uma comunidade alicerçada na comunhão em Deus, abençoada com a virtude da humildade que entendia que todos deviam ter suas necessidades supridas de igual modo.
Jesus Cristo é nosso modelo, é o fim de nosso processo de aperfeiçoamento em Deus, é o alvo ao qual somos vocacionados a alcançar e Ele nos deixou exemplos práticos de humildade:
“e ela deu à luz o seu filho primogênito, enfaixou-o e o deitou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria.” Lucas 2:7
“Dizei à filha de Sião: Eis aí te vem o teu Rei, humilde, montado em jumento, num jumentinho, cria de animal de carga” Mateus 21:5
“As raposas têm seus covis, e as aves do céu, ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça.” Mateus 8:20
“E ele, assentando-se, chamou os doze e lhes disse: Se alguém quer ser o primeiro será o último e servo de todos.” Marcos 9:35
“Levantou-se da ceia, tirou as vestes, e, tomando uma toalha, cingiu-se. Depois deitou água numa bacia, e começou a lavar os pés aos discípulos, e a enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido.” João 13:3-5
A humildade não é a negação de dons, capacitação ou virtudes, é reconhecermos o que realmente somos e saber atribuir tudo Àquele que é verdadeiramente digno de honra e reconhecer que esses dons, capacidades e virtudes vêm de Deus, que sem Ele nada seriamos ou teríamos. Ser humilde não é optar pela pobreza ou abdicar de qualquer bem ou conforto, mas é entender que o outro é maior do que nós mesmos e que por serviço a esse posso abdicar de qualquer bem e até mesmo de meu conforto. Não é se sentir culpado por ter condições de comprar novas roupas frequentemente, mas saber ver as condições do outro, sendo esse superior a mim, o que me faz merecedor de bênçãos maiores? O que me faz ter tanto enquanto meu irmão tem tão pouco? Ter humildade não é se declarar um “pobrezinho”, mas entender que não há nenhuma qualidade em mim que me faça merecedor da salvação, não há nada em mim que me faça digno da escolha de Deus, Sua graça e misericórdia me alcançaram tirando-me do único destino que me era por direito, o inferno. Isso nos nivela de todos os homens, somos pecadores. Não sou melhor do que meu vizinho não cristão, não sou melhor do que um umbandista, um espirita ou um satanista, não sou superior aos inúmeros viciados, assaltantes, muito menos sou melhor do que qualquer ateu, pois somos todos pecadores. O que desnivela essa comparação é que, por motivos que desconheço, Deus me tocou e hoje habita em mim através de Seu Espírito, sem Ele nada sou. Então do que me achar merecedor? Já recebi muito mais do que mereço no momento que O conheci!
Não há como negar: a humildade é uma das virtudes mais difíceis e raras, possível apenas com o auxílio do próprio Deus e pela zelosa imitação da humildade de Jesus. Por isso eu rogo, deixemos de nos preocupar com o dia de amanhã, com o que vamos comprar, ou o sonho que queremos realizar, busquemos em Deus as virtudes Dele, através do transbordar no Espírito em nós, somente assim poderemos imitar Jesus e praticar a humildade que Ele praticava. Com isso nos tornaremos inconfundivelmente cristãos.
Que Deus nos perdoe por nossa falta de humildade e nos dê sabedoria para buscar tal virtude.
Ao Deus Soberano toda Glória, Honra e Louvor por ter dado a nós o maior exemplo de humildade através de sua obediência ao pai.
Voltemos Ao Verdadeiro Evangelho!
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Um comentário:
Falou tudo!! Muito Bom
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