segunda-feira, 25 de novembro de 2013

A fidelidade de Deus através dos tempos

Texto bíblico: Atos 1: 6-8 / 2: 1-4
Escrito por: Rogério Jardim
O texto bíblico escolhido para analisar este tema é o livro de atos dos apóstolos nos capítulos 1 e 2, onde é possível encontramos evidencias da fidelidade de Deus intrínseca no contexto. Quando lemos o capitulo 2 do livro de atos, a primeira impressão que temos é que o texto traz somente informações sobre a manifestação do poder de Deus, afirmando com isso os dons do espírito santo para a igreja como também um avivamento para ela.

É nítido que o texto mostra essa verdade. Entretanto se for analisado mais a fundo veremos que este texto mostra outra característica de Deus que pode ser percebida exatamente no capitulo 2 quando acontece a descida do espírito santo no dia de pentecostes.



O que aconteceu em Jerusalém no dia de pentecostes foi uma promessa feita pelo próprio Deus ao seu povo, através do profeta Joel
(Jl 2: 28). Exatamente por isso que este texto não se refere somente à manifestação do poder de Deus, mas também mostra a fidelidade de Deus com seu povo, se analisada amiúde a sua história.

Em virtude das perseguições ao longo do tempo, o povo de Israel não somente se corrompeu como também perdeu características particulares que o faziam diferentes de todos os outros povos. Todavia mesmo o povo perdendo a fé e até mesmo demonstrando sua infidelidade para com Deus, Ele nunca desistiu do seu povo, nem dos planos para com ele.

Nos dias do profeta Joel, o povo de Deus vivia um período de tormenta por causa da devastação que ocorrera em suas terras com a praga dos gafanhotos, conforme descrito
(Joel 1: 4, 10) onde suas lavouras foram devastadas pela praga, não havendo mais a produção do cereal, e seus animais morriam por não ter mais pasto. Este fato já havia sido anunciado antes por Moisés quando advertiu o povo quanto às conseqüências por sua obediência ao Senhor ou sua desobediência á Ele (Dt 28:38).

O momento da profecia de Joel ocorreu por volta do ano 835 AC. Logo depois mais ou menos 250 anos, por volta do ano 586 A.C Jerusalém é invadida pelos babilônicos e a cidade é completamente destruída, bem como o seu templo que era uma das maiores grandezas e belezas de Jerusalém. Suas riquezas são roubadas e seus muros destruídos, deixando a cidade assolada e deserta. Seus moradores são levados cativos para servir à babilônia e lá ficam por 50 anos, quando em 536 A.C o povo ganha a liberdade para escolher permanecer na babilônia ou retornar para sua terra natal através de Ciro, rei da pérsia, que havia tomado o poder com a derrota dos babilônicos.

Isso explica a indagação das pessoas á Jesus
(At 1: 6,7) quando perguntam se seria esse o tempo em que o reino seria restaurado a Israel, pois vivam ainda sem pátria, sem reino sob o domínio romano. Quando Jesus esteve nesta terra as pessoas criaram suas expectativas com relação ao messias enviado para salvar a humanidade. Alguns esperavam um messias com poder e influencia política e militar para libertar os judeus do poder opressor de Roma, mas Jesus não corresponde a esta expectativa.

Outros esperavam um messias que purificasse o templo e fizesse com que todas as leis fossem cumpridas e que obrigasse a todos a cumprirem essas leis, mas Jesus não corresponde esta expectativa. Pois ainda reduz as diversas leis que tinham para somente duas: 1)amar a Deus acima de tudo e; 2) amar ao próximo como a si mesmo (Mt 22: 37 – 39). Porém quando Jesus ressuscita todos vem nisto o momento de tudo se cumprir, ou seja, terem seu reino restaurado sem domínio político estrangeiro.

A promessa proferida por Joel é afirmada por Jesus (Lc 24: 49) e reafirmada por ele novamente (At 1: 8). Entre o capitulo 1 e 2 de Atos há um espaço de mais ou menos 50 dias. Isso pode ser observado pela ocasião dos acontecimentos, pois o inicio do capitulo 1 cobre a ressurreição de Jesus, que foi no período de páscoa. Da páscoa até a festa de pentecostes (cap. 2) havia um período de 50 dias (Lv 23: 15 – 21 / Dt 16: 9 – 12). Este foi o tempo aproximado que levou para se cumprir a promessa que Jesus havia confirmado.

Haviam se passado mais de 800 anos, e agora estava acontecendo o cumprimento da promessa que Deus havia feito por intermédio de Joel. Nisto pode se observar duas coisas importantes sobre o agir de Deus: 1º) ele é fiel para cumprir tudo o que prometeu independente do tempo que vai levar para se cumprir a promessa (Hb 11: 11). 2º) o tempo de Deus anda ao contrario do nosso tempo, e só ele entende e governa esse tempo.

No texto de Atos 1:7 há dois termos que são utilizados para definir a palavra “TEMPO”. O primeiro trata-se do termo grego: Χρόνος (CHRONOS) que se refere a momentos, dias em segmento quantitativo, enquanto que o segundo termo καιρός (KAIROS) sugere um tempo especifico, um momento apropriado, propício, um tempo oportuno, uma oportunidade. Os dois termos mostram tempos diferentes. No primeiro se enquadra o viver humano, no qual nós vivemos e planejamos nossa vida. Mas no segundo é o tempo que Deus planeja e exerce sua ação em nossa vida.

A bíblia nos mostra que esses dois tempos se cruzam (Sl 90: 4 / 2ª Pd 3: 8), e por isso muitas vezes não entendemos a razão de não acontecerem coisas que almejamos ou planejamos para a nossa vida no tempo que determinamos. É porque o senhor também tem seu tempo e é nele que ele trabalha e age inclusive em nosso favor.

Há alguns anos participei de um seminário onde uma das pessoas que ministrava compartilhou uma experiência pessoal que me marcou bastante, e facilitará o entendimento desta mensagem.

Numa manhã de domingo esta pessoa está em casa com seu esposo e dois filhos, uma menina de 10 e um menino de 03 anos. É hora do café da manhã e enquanto estão todos á mesa naquele momento em família o menino de 03 anos viu sua irmã de 10 passando manteiga numa fatia de pão. A partir daí começa insistentemente a pedir uma fatia de pão e uma faca para que ele mesmo possa passar a manteiga no seu pão.A mão explica que ele ainda não sabia passar manteiga no pão, que seria melhor ela mesma preparar, pois sabia como ele gostava. Explicou que sua irmã já tinha idade para saber para o que servia a faca e como usá-la sem se machucar, em compensação ele não tinha idade para discernir que aquela faca não servia somente para passar manteiga, mas que também machucava se não a soubesse usar. O menino continua insistindo e a palavra final dela foi: “NÃO. TU PODES FICAR BRAVO SE QUIZER, MAS EU NÃO VOU TE DAR A FACA PORQUE EU SEI QUE ELA VAI TE MACHUCAR”.

É exatamente assim que Deus age conosco muitas vezes. Por mais que tenhamos planos, necessidades e desejos para nossa vida Deus sabe cuidar muito bem de tudo o que precisamos e queremos, e ele sabe exatamente o momento de cumprir isso em nós, pois podemos não estar prontos para saber usar o que Deus tem para nos dar.

A faca que o menino queria e não podia segurar pode muito bem ilustrar os nossos desejos, necessidades e planos, mas em tudo Deus tem o seu tempo e o seu propósito (Is 55: 8, 9). A fidelidade de Deus é algo que só podemos compreender vivendo, mas é melhor viver o tempo dele do que vivermos nosso tempo em tentativas frustrantes que não nos levarão a êxito algum.

Assim como o povo de Israel viu a promessa sendo cumprida no meio deles depois de tanto tempo sem perspectivas, Deus pode reverter esse momento atual frustrante na sua vida. Mas lembre-se que existe o tempo de Deus e ele vai agir nesse tempo. Há um dito popular que diz o seguinte: “Deus tarda mas não falha”. Creio que este dito está errado, pois Deus não tarda (2ª Pd 3: 9), sua fidelidade é para sempre e o seu momento é perfeito.

Através desta mensagem quero motivá-lo a confiar na palavra de Jesus e segui-lo em seus mandamentos. E lembre-se ele nunca dará algo antes do tempo fazendo com que você se machuque, o momento dele é perfeito.


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