sábado, 30 de novembro de 2013

O templo caído e a manifestação da segunda glória

Texto bíblico: Ag 2: 9 / 1Co 6: 19-20
Escrito por: Rogério Jardim
Uma parte muito marcante da profecia de Ageu, descrita no segundo capitulo de seu livro, torna-se curiosa não somente por seu fator histórico como também por seu significado de cumprimento profético. É interessante notarmos a importante missão deste profeta neste contexto, que é de animar e encorajar dois importantes membros responsáveis por uma tarefa nada fácil. O segundo membro tinha condições para fazer a tarefa, porem lhe faltava ânimo, coragem e interesse na conclusão da tão grande obra.

A profecia de Ageu é principalmente direcionada ao primeiro membro, formado por dois importantes nomes que são Zorobabel, governador de Judá e Josué, o sumo sacerdote. Estes eram os lideres políticos religiosos responsáveis pelo segundo membro, a saber, o povo hebreu, que já havia retomado a sua vida normal de liberdade depois do período de exilio, no qual foram feitos cativos servindo a babilônia por um período de 70 anos.



Anteriormente, entre 587/586 A.C, esse povo havia sido tirado a força de Jerusalém quando o exercito babilônico invadiu a cidade santa, numa revolta comandada pelo rei Nabucodonosor, destruindo toda a sua estrutura e desestabilizando a verdadeira base da adoração, que era o templo que Salomão havia construído e que agora não passava de escombros, mas para completar a desolação, depois de roubarem os tesouros do templo e destruírem as fortalezas da cidade, levaram cativos também os seus moradores para servirem na babilônia (Esdras 5: 11, 12).

A promessa consiste numa segunda casa que teria muito mais gloria que a primeira. Mas o que Deus estava prometendo quando falou que a glória seria manifesta numa segunda casa?

Para que possamos compreender melhor a respeito da segunda casa é necessário analisarmos a primeira.

Pouco mais de 400 anos antes do momento de Ageu, quando Salomão edificou o templo para adoração ao Senhor, o Deus de Israel, Jerusalém passou a ser conhecida pela sua magnitude, grandeza e glória. Glória esta que faz referencia ao brilho e esplendor de riqueza, tamanho investimento financeiro, tanto em materiais de primeira qualidade quanto pela mão-de-obra de altíssimo nível que Salomão dispensou para essa construção (1 Reis 14: 26 / 2 Reis caps 3 e 4).

Tamanha grandeza e gloria fora edificada que constantemente vinham povos de outros lugares para conferirem o que muito se ouvia falar sobre Jerusalém, tanto sobre sua riqueza e esplendor quanto pela sabedoria de seu rei Salomão em tudo o que fazia. Tal fato pode ser lembrado quando a rainha de Sabá deixou seu país e percorreu muitos dias até chegar a Jerusalém para conferir o que tanto se ouvia falar sobre ela (1º Reis 10: 4 – 7). Este tempo de glória, abundância e liberdade ficou marcado na vida e na memória de seus habitantes, que agora tão somente lembravam-se do que um dia havia sido aquela magnifica construção, que agora estava diante deles apenas como resto de algo que outrora foi a base de sua vida e alegria.

Esta era a situação daquele povo naquele momento, os quais estavam incumbidos de reerguerem o templo e reedificarem o altar novamente para adoração ao Deus de Israel. Mas o sentimento que havia neles não era de satisfação para retomarem a reconstrução.

Pelo menos três fatos importantes que fizeram com que o povo desanimasse durante essa obra podem ser observados no livro de Ageu, Um deles era o fato de verem que tudo o que faziam não se comparava a grandiosidade e riqueza da primeira casa, outro fato era o receio dos samaritanos que se tornaram opressores quanto a continuidade da obra, não fornecendo mais os materiais necessários para a conclusão da obra, e por último o egoísmo foi um determinante fator. O povo havia abandonado a reconstrução do templo para investirem em suas construções pessoais, revertendo o seu tempo e recursos para suas belas casas enquanto a casa de Deus era deixada de lado (Ageu 1: 4).

Por um período de aproximadamente 16 anos, depois que já haviam retornado da babilônia e que Ageu lhes entregou a mensagem de ordem profética, os judeus ainda tiveram distantes do propósito para o qual haviam sido convocados. Durante esse período negligenciaram o que o Senhor havia lhes ordenado através de Ageu e passaram a desviar os esforços da edificação do templo do senhor para os seus interesses pessoais.

Depois de terem sido confrontados novamente por causa do seu descaso com a obra, o Senhor lhes provê tudo o que necessitavam para dar continuidade até a conclusão da obra fazendo sessar a perseguição dos opressores (Esdras 6: 7–9) quando os governadores Ciro e Dário decretam que não haja nenhum tipo de interrupção. Entretanto a obra durou ainda quatro anos até chegar a sua conclusão (Ageu 1: 1 / Esdras 6: 15).

Embora ainda fosse necessário reerguer aquele templo caído a profecia de Ageu não aponta apenas para aquela casa como foco de cumprimento do propósito divino, mas é através de Zorobabel que pode se perceber o propósito de Deus em querer novamente manifestar sua glória na segunda casa.

A segunda casa onde seria manifesta a gloria de Deus pode ser percebida no final do livro do profeta Ageu, quando o Senhor promete a Zorobabel que faria dele um anel de selar (Ageu 2: 23). Entretanto essa promessa aponta para o messias e a manifestação da graça redentora na pessoa de Cristo. Isso pode ser observado quando na genealogia de Jesus aparece Zorobabel na linhagem que antecedeu o messias (Mateus 1: 12), se cumprindo assim o que já havia sido predito pelo profeta Isaías (Isaías 7: 14 / Mateus 1: 22,23).

O apóstolo Paulo chama a atenção dos crentes de Corinto, quando escreve a estes, e fala que o nosso corpo é templo do espirito de Deus, como sua morada e local preferido para adoração e manifestação da sua glória (1ª Coríntios 3: 16,17 – 6: 19,20 / Romanos 12: 1). Quando o profeta Isaías prediz que a virgem daria á luz um filho chamado “EMANUEL”, estava sendo prometido que a glória/presença de Deus habitaria no homem e não apenas no meio dos homens, pois a palavra “EMANUEL” no original quer dizer “DEUS NO HOMEM” e não simplesmente “Deus conosco” como fora traduzido, ocorrendo uma possível falha na transliteração ao suprimir seu significado.

Quando o homem caiu, em razão do pecado, esse elo da aliança que foi quebrado precisava ser refeito novamente, mas isso só seria possível se o homem fosse capaz de vencer para sempre o autor deste pecado que fez com que fosse rompida a aliança entre ele e o seu criador. Uma vez que desde a queda do homem não houve nenhum que conseguisse resolver esse problema e foi pelo homem que o pecado entrou no mundo, também seria necessário que por meio de um homem fosse reconstruída essa aliança de comunhão que o traria de volta a Deus e o remisse do pecado (Romanos 5: 17–21).

Esse é o significado de cumprimento profético da promessa feita a Zorobabel que estava na responsabilidade de levar o povo a reconstruir o templo para adoração ao único Deus, da mesma forma que Cristo estava na responsabilidade de levar o homem de volta a Deus através do restabelecimento dessa aliança pelo seu sangue, tornando assim o homem habitação de sua presença e seu altar preferido para ser adorado e glorificado.

Temos nele a esperança de vida eterna por seu amor demonstrado através de seu sangue derramado, nos tornando justificados do pecado e dignos de salvação.

Que o senhor possa ser glorificado e adorado em todo o tempo do nosso viver.



Vivamos nele e para ele.



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